Idade Média (Alta Idade Média)
Império Bizantino
Teve sua origem no Antigo Império Romano do Oriente, que conseguiu sobreviver às invasões bárbaras, principalmente germânicas.
Esse império atingiu o seu apogeu durante o século VI, no governo de Justiniano (527-565). Esse imperador foi o responsável pela tentativa de reconstrução do Império Romano (empreendeu conquistas sobre os reinos bárbaros dos visigodos, ostrogodos e vândalos), pela reconstrução da basílica de Santa Sofia (depois que fora destruída na revolta popular de Nika de 532), pelo Corpus Juris Civilis, que foi uma compilação, entre outros aspectos, do Direito Romano.
Em 1054, por causa de diferenças religiosas entre o papado romano e o patriarcado de Constantinopla, ocorreu o Cisma do Oriente, dividindo a cristandade em duas igrejas, surgindo, assim, a Igreja Ortodoxa Grega, em oposição à Igreja Católica Apostólica Romana.
O fim desse Império ocorreu em 1453 com a Queda de Constantinopla. Bizâncio muito contribuiu para o Renascimento Comercial e para a urbanização das populações da Europa Ocidental, na Baixa Idade Média, assim como para o Renascimento italiano.
Império Islâmico
A Arábia, antes de Maomé, tinha como características a organização tribal, o particularismo político, o politeísmo idólatra, além de constantes conflitos. Durante o século VII, Maomé promoveu a unificação religiosa da Arábia em torno do islamismo, que é constituído de traços do cristianismo e do judaísmo.
O seu livro sagrado é o Corão e o seu único deus, Alá.
Acontecimento importante para a história de afirmação do islamismo foi a Hégira (fuga de Maomé de Meca para Medina), pois foi em Medina, cidade do profeta, que Maomé teve a revelação do esforço islâmico para combater os idólatras de Meca. O combate a quaisquer infiéis poderia ser feito por meios militares, caso fosse necessário. Trata-se da Jihad, comumente interpretada como Guerra Santa.
A fraqueza do Império Persa e a força do Islã, a partir da Jihad, permitiram a expansão do Império Muçulmano para o Oriente e o Ocidente (norte da África e península Ibérica); essa expansão foi detida em 732, na França, quando Carlos Martel venceu os islâmicos na famosa Batalha de Poitiers.
Entre as consequências da expansão islâmica, a mais importante se fez na Europa ocidental, pois o “fechamento” por um período do Mediterrâneo contribuiu para a formação do feudalismo, com a decadência das cidades e a ruralização da economia, que já tinham se expressado na crise do Império Romano.
O Reino dos Francos
O fundador do reino franco foi Clóvis, neto de Meroveu, o principal rei da dinastia merovíngia. A conversão de Clóvis ao cristianismo levou a uma aliança entre a Igreja de Roma e os reis francos. Contudo, os sucessores de Clóvis, conhecidos como reis indolentes, perderam a autoridade sobre os francos, que, aos poucos, foi sendo passada para o major domus ou “prefeito do Palácio” (Pepino de Heristal, Carlos Martel e Pepino, o Breve).
Pepino, o Breve, iniciou a dinastia dos carolíngios e proclamou-se rei dos francos, doando ao papa Estevão II os Estados da Igreja. Mais adiante, seu filho Carlos Magno expandiu os domínios francos e foi coroado imperador do ocidente, em 25/12/800, pelo papa Leão III. Carlos Magno estimulou as artes e a cultura, de forma geral, por meio do Renascimento Carolíngio. Outro grande destaque de sua administração e que viria a influenciar futuros governos foi a divisão do território em marcas, ducados e condados, fiscalizados pelos missi dominici.
Seu herdeiro, o filho Luís, o Piedoso, perdeu a autoridade em relação aos guerreiros e viu seu império dividido entre os netos de Carlos Magno, em 843, pelo Tratado de Verdun. Carlos, o Calvo, ficou com o Reino do Ocidente, Lotário ficou com a Lotaríngia e Luís, o Germânico, ficou com o reino Oriental.
O sistema feudal
As vilas e os colonatos são as estruturas romanas do feudalismo.
O direito consuetudinário e o comitatus são as bases germanas.
Esse sistema evoluiu graças às invasões dos séculos VIII e IX (germanos, árabes, normandos, magiares etc.), que aceleraram a descentralização política e a ruralização da Europa.
O feudo era a unidade básica de produção no feudalismo, com quatro divisões: o manso senhorial, o manso servil, o manso da reserva e o burgo. A economia do feudo era agrária e de autossuficiência. As principais obrigações servis eram: a talha, a corveia e as banalidades.
A sociedade era desigual pelo nascimento, organizada a partir de um princípio nobiliárquico de sangue e de uma mentalidade religiosa. O caráter rígido dessa sociedade era expresso nos estamentos ou ordem.
– Primeiro Estado: clero – função: orar (oratores).
– Segundo Estado: nobreza – função: guerrear (bellatores).
– Terceiro Estado: povo – função: trabalhar (laboratores).
O poder político era descentralizado e baseava-se no juramento de fidelidade, conhecido como homenagem ou juramento de vassalagem. Aquele que prestava juramento tornava-se vassalo e aquele que o recebia, suserano.
A educação e a cultura eram essencialmente religiosas.
O século XI medieval foi marcado pelo início de uma crise no sistema feudal, a população aumentava e os conflitos intensificavam-se pelo controle da terra. Populações deslocavam-se para as cidades e a Igreja tentava garantir a ordem europeia. Foi nesse quadro que se desenvolveram as Cruzadas (movimento militar de caráter religioso que visava combater os infiéis), as quais permitiram o restabelecimento de rotas comerciais no Mediterrâneo e favoreceram o reflorescimento das cidades europeias.
Assim, o Renascimento Comercial e Urbano da Europa Ocidental, a partir do século XI, deu início à queda do feudalismo e ao rompimento do monopólio cultural da Igreja, com o movimento da Renascença.
No entanto, somente com a Revolução Francesa e a Revolução Industrial, no século XVIII, é que se encerrou definitivamente a transição do feudalismo ao capitalismo.
Baixa Idade Média
Estendeu-se do século XI ao XV e, em certos aspectos, distinguiu-se da Alta Idade Média (século V ao X). No final do século XI, a Europa iniciou o movimento expansionista das Cruzadas, motivado por alguns fatores: o aumento da população europeia e a falta de terras para acomodar os excedentes populacionais, além da forte religiosidade católica que havia na Europa da época.
No século XIII, esse ciclo se encerrou com as seguintes consequências: decadência do feudalismo, desenvolvimento do comércio de produtos orientais e fim do domínio árabe no Mediterrâneo.
O comércio atingiu grande desenvolvimento, notadamente no norte da Itália, no litoral do Mar do Norte e do Mar Báltico, nas regiões de Champagne, do Reno, de Flandres e da Península Ibérica. Isso provocou o renascimento das cidades (processo típico da Baixa Idade Média).
À medida que as cidades medievais cresciam, aos poucos, elas iam conseguindo sua autonomia em relação aos senhores feudais (comunas).
A economia urbana estava sob o controle das corporações. O trabalho, o preço e a qualidade eram rigorosamente controlados por elas. O mercado urbano era de domínio dos mercadores e artesãos locais.
Na cultura, houve grande desenvolvimento, com destaque principal para as catedrais, de estilo gótico, para as universidades e para a filosofia escolástica.