O calvinismo é um ramo da teologia cristã protestante que se desenvolveu a partir das ideias do reformador francês João Calvino (1509-1564). Surgiu no século XVI durante a Reforma Protestante, um movimento que visava reformar a Igreja Católica.
Calvino, influenciado por Martinho Lutero, começou a desenvolver suas próprias ideias teológicas enquanto estava exilado em Genebra. Ele publicou a primeira edição de sua obra principal, “Institutas da Religião Cristã”, em 1536, que consolidou sua visão teológica. O calvinismo é caracterizado por sua ênfase na soberania de Deus, a predestinação e a doutrina da eleição, onde Deus escolhe quem será salvo.
O calvinismo se espalhou rapidamente por partes da Europa, especialmente na Suíça, França, Holanda e Escócia. Na França, os seguidores de Calvino eram conhecidos como huguenotes. Na Holanda, o calvinismo desempenhou um papel crucial na luta pela independência contra a Espanha. Na Escócia, foi promovido por John Knox, levando à formação da Igreja Presbiteriana.
Os princípios do calvinismo influenciaram profundamente a ética protestante e o desenvolvimento do capitalismo, como sugerido pelo sociólogo Max Weber em sua obra “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”. Além disso, o calvinismo teve um impacto duradouro na educação, na política e na cultura dos países onde se estabeleceu.
Com o tempo, o calvinismo se dividiu em várias denominações e tradições, incluindo os presbiterianos, os reformados e os congregacionalistas, que mantêm as doutrinas centrais de Calvino enquanto desenvolvem suas próprias práticas e interpretações.
As principais contribuições do protestantismo para o capitalismo, conforme interpretadas por Max Weber, podem ser resumidas em palavras-chave:
Ética do trabalho: Enfatiza o trabalho árduo, a disciplina e a responsabilidade individual como virtudes religiosas.
Vocação: O conceito de “vocação”, ou seja, a ideia de que cada indivíduo tem um chamado divino para realizar seu trabalho da melhor maneira possível.
Ascetismo: A valorização da moderação e da frugalidade, em oposição ao luxo e ao consumo excessivo.
Predestinação: A crença na predestinação, que influencia a mentalidade de busca pela salvação através do trabalho diligente e do sucesso material como sinais de favor divino.
Racionalização: O protestantismo promove uma abordagem mais racional e sistemática para a vida e o trabalho, incentivando a organização eficiente e a busca pelo sucesso.
Espírito de responsabilidade: Encoraja uma ética de responsabilidade individual e social, contribuindo para o desenvolvimento de uma mentalidade empreendedora.
Esses conceitos, segundo Weber, contribuíram para a formação de uma mentalidade capitalista, que valoriza o trabalho duro, a poupança e o investimento como meios de alcançar sucesso econômico e prosperidade material.
