Guia completo da Idade Antiga para o Vestibular: Resumo Essencial

Idade Antiga

Civilização egípcia

Desenvolveu-se no nordeste da África, ao longo do Rio Nilo (vale e delta), onde se fertiliza um estreito corredor cercado, por ambos os lados, pelo deserto. Foi uma das civilizações caracterizadas pelo modo de produção asiático, tendo sua base econômica na agricultura irrigada, sendo, por isso, chamada de civilização hidráulica. O Egito, inicialmente, estava dividido em regiões autônomas chamadas nomos (período pré-dinástico). Por volta de 3500 a.C., esses nomos foram agrupados nos reinos do Alto e do Baixo Egito, que, por sua vez, foram unificados pelo primeiro faraó, chamado Menés. Iniciou-se, então, o período dinástico, subdividido em:

– Alto Império: monarquia absoluta com base teocrática, tendo como capitais as cidades de Tinis e Mênfis. Período da construção das grandes pirâmides e de pacifismo.

– Médio Império: monarquia absoluta com base legal, tendo Tebas por capital. A invasão dos hicsos, nômades do deserto, em 1750 a.C., introduziu o uso do cavalo e do carro de guerra.

– Novo Império: teve início com a expulsão dos hicsos pelo faraó Amósis I (1580 a.C.). Foi a época de expansionismo e de apogeu da civilização egípcia com Tutmés III e Ramsés III. Lutas sociais e invasões estrangeiras (líbios, etíopes e assírios) puseram fim à civilização egípcia.

– Renascimento Saíta: período de curta independência política, entre a expulsão dos assírios e a conquista do país por Cambises, rei dos persas em 525 a.C.

Civilização mesopotâmica

Localizou-se no Oriente Médio, na área fértil regada pelos Rios Tigre e Eufrates (crescente fértil). Sua base econômica foi a agricultura irrigada. Por causa da sua fertilidade, a Mesopotâmia foi dominada por diversos povos invasores. Foram, no entanto, os sumérios os que lançaram as bases da civilização na região. A unificação política da Mesopotâmia ocorreu pela primeira vez com o rei Sargão I, de Acad. Seu império foi, no entanto, destruído pelos guti. Por volta de 2000 a.C., a região foi conquistada e unificada por um povo semita chamado amorita. Esse povo fundou Babilônia e estabeleceu ali a capital de seu império, inaugurando a segunda fase importante da civilização do Tigre-Eufrates. O soberano principal do Império Babilônico foi Hamurabi, autor do primeiro código de leis escritas. Os assírios, da região montanhosa do norte da Mesopotâmia, dispondo de superioridade militar (cavalo, carro de guerra etc.) e derrotando os inimigos pelo terror, dominaram o 1º Império Babilônico por volta de 1300 a.C. Foram, por sua vez, destruídos, em 612 a.C., por uma coligação de caldeus (recém-instalados na Baixa Mesopotâmia) e pelos medos do planalto do Irã. O império caldeu, ou 2º Império Babilônico, teve vida curta. Seu principal soberano foi Nabucodonosor, que construiu os famosos Jardins Suspensos e conquistou o reino de Judá. Seu império foi conquistado em 539 a.C. por Ciro, rei dos persas.

Civilização hebraica

Os hebreus eram um povo semita que se fixou na Palestina, tendo a agropecuária como base econômica. A religião monoteísta (deus Javé) era sua base, sendo esse aspecto o principal fator de sua unidade cultural e de sua sobrevivência enquanto nação através dos tempos (são hoje os judeus).

A evolução dos hebreus se deu da seguinte maneira:

– Patriarcado (Abraão, Isaac, Jacó);

– Êxodo do Egito, sob a liderança de Moisés;

– Período dos Juízes (de volta à Palestina, os hebreus dividiram-se em doze tribos, sem um governo central);

– Monarquia, que possibilitou a unificação política das doze tribos (reis Saul, Davi e Salomão — este último marcou o apogeu político e econômico do reino hebreu);

– Cisma: após a morte de Salomão, os hebreus dividiram-se em dois reinos: Israel, ao norte, destruída por Sargão II, da Assíria, e Judá, ao sul, conquistada por Nabucodonosor — cativeiro da Babilônia;

– Diáspora: dispersão dos hebreus de Israel após a conquista assíria e, posteriormente, quando do domínio romano em 70 d.C.

Civilização fenícia

Desenvolveu-se ao norte da Palestina, às margens do Mediterrâneo. Sua base econômica era o comércio marítimo, constituindo a segunda talassocracia da Antiguidade, após os cretenses. Sua organização política se fez através de cidades-Estado (Sídon, Biblos, e Tiro), que se expandiram pelo Mediterrâneo através de colônias no norte da África, como Cartago, a mais importante. Os fenícios elaboraram um alfabeto com 22 letras, base do alfabeto ocidental.

Civilização persa

Localizou-se no planalto do Irã, a leste da Mesopotâmia, tendo a agropecuária como base de sua economia. Medos (norte) e persas (sul) foram unificados por Ciro, surgindo o Império Persa. As conquistas de Ciro atingiram até a Ásia menor. Seu filho, Cambises, conquistou o Egito. Com Dario, os persas atingiram seu apogeu organizando-se por meio das satrapias, com a criação de moedas metálicas, com a construção de várias estradas ligando as partes do império e com um sistema de comunicação eficiente para os padrões da época (correio). O declínio do Império Persa iniciou-se com as Guerras Médicas contra os gregos, e sua queda definitiva ocorreu com as conquistas de Alexandre Magno, da Macedônia, em 331 a.C.

Civilização grega

De origem indo-europeia, os gregos atingiram a região do Mar Egeu a partir de 2000 a.C. (aqueus, jônios, eólios e dórios). O relevo montanhoso, dificultando as comunicações, contribuiu para o isolamento e consequente formação política específica em cidades-Estado (pólis). O litoral recortado e a enorme quantidade de ilhas explicam, em parte, o desenvolvimento do comércio marítimo; a pobreza do solo explica, em parte, a constante diáspora (dispersão) e a fundação de colônias no Mar Negro, na costa da Ásia Menor, na Magna Grécia (sul da Itália) e no norte da África. Dentre as pólis gregas, duas destacaram-se como modelos de organização socioeconômica e política: Atenas e Esparta.

Atenas, na Península da Ática, teve sua economia mercantil baseada no escravismo, evoluindo politicamente do governo aristocrático para o democrático:

– Sólon (timocracia): em 594 a.C., deu o primeiro passo para a quebra do princípio aristocrático do poder quando estabeleceu uma reforma política, abrindo espaço para homens que comprovassem renda na Bulé (Assembleia). Essa negociação se inscreveu em um contexto de agitações populares contra a lei draconiana que previa a escravidão por dívidas na cidade; Sólon aboliu esse tipo de escravidão.

– Psístrato (tirania): regulamentou a questão agrária, distribuindo terras e reduzindo a força política dos antigos proprietários. Dessa forma, o regime de pequenas propriedades se impôs na Ática, o que reduziu as distâncias sociais. Além disso, estimulou a produção artesanal e o intercâmbio, transformando a cidade no maior centro econômico do mundo grego.

– Clístenes (democracia): estabeleceu uma participação política ampliada em que contemplava os homens livres, nascidos na pólis, com pais nascidos na cidade e residentes nos demos (divisão administrativa no interior da pólis), excluindo mulheres, estrangeiros (metecos) e escravos.

– Péricles (auge da democracia): a maior participação política em Atenas aconteceu exatamente à época das Guerras Médicas (492 479 a.C.) e logo após a afirmação de sua supremacia no mundo grego pelo legislador da cidade: Péricles. Esse auge da democracia foi, em parte, possível em razão da cobrança de tributos realizada por Atenas para fazer frente aos gastos militares no conflito com os persas. Era o imperialismo ateniense sobre as outras cidades-Estado que sustentava a democracia.

Esparta, isolada no interior da Península do Peloponeso, manteve uma estrutura econômica agropastoril e uma sociedade estamental – que não evoluiu

– liderada por uma oligarquia militar, que controlava os hilotas (servos do Estado).

Civilização romana

Povos indo-europeus também chegaram na Península da Itália, a partir de 2000 a.C. Um daqueles povos, os latinos, deram origem à cidade de Roma. Segundo a lenda, Roma foi fundada por dois irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, em 753 a.C. e dominada pelos etruscos por algum tempo. Roma desenvolveu-se, a princípio, como uma cidade-Estado, num regime de Monarquia, tendo como base econômica as atividades agropastoris e uma sociedade dividida em patrícios, clientes e plebeus.

A República romana foi instalada pelos patrícios em 509 a.C. Foi, a princípio, uma República aristocrática, que somente a custo de muitas pressões populares foi reconhecendo os direitos políticos da plebe (tribunato da plebe, Lei das Doze Tábuas, Lei do Plebiscito, acesso às Magistraturas etc.). A República tinha no Senado seu órgão político mais importante e nas Magistraturas seus órgãos executivos e administrativos.

Foi durante a República que os romanos iniciaram sua expansão, unificando primeiramente a Itália e tendo como motivação principal a busca por terras aráveis. Depois de conquistada, a Península Itálica entrou em rota de colisão com Cartago pelo controle da ilha de Sicília e do comércio na Bacia do Mediterrâneo (Guerras Púnicas) e, finalmente, expandiu-se pelo Oriente, dominando as antigas civilizações orientais e a Grécia.

Dessa expansão, resultou a consolidação da economia romana baseada no comércio, criando um grupo de ricos mercadores e homens de negócio enriquecidos com as guerras: os cavaleiros (classe equestre). É essa nova classe que manipula a plebe para conseguir respaldo popular para pressionar a aristocracia patrícia, atacando seus privilégios políticos. A obtenção de enormes quantidades de prisioneiros de guerra consolidou também o escravismo: a mão de obra escrava substituiu quase que totalmente a mão de obra livre dos plebeus.

A concentração fundiária, o aumento das disparidades sociais, o desemprego, as péssimas condições de habitação, os conflitos entre senadores e generais, a rivalidade de generais e as rebeliões de escravos foram fatores importantes da crise da República, cujo apogeu se dá no último século a.C., agitado por tentativas de reformas sociais (irmãos Graco), revoltas de escravos (Spartacus), ditaduras militares (Mário e Sila) e os Triunviratos, com destaque para Júlio César, no 1º Triunvirato, e Otávio, no 2º Triunvirato.

Resultado dessa crise foi a transformação de República em Império, com a centralização dos poderes com um monarca absoluto (caráter teocrático) e com a diminuição dos poderes do Senado.

O primeiro imperador foi Otávio Augusto (27 a.C.-14 d.C.). Durante o Império, Roma consegue sua expansão territorial máxima (Trajano), assiste à expansão do cristianismo e leva ao apogeu seu escravismo e seu poderio econômico. Contudo, a Pax Romana foi abalada no século III por uma profunda crise.

A partir do século III, inicia-se a crise do Baixo Império: o reflexo da mão de obra escrava (fim das guerras de conquista) eleva o seu preço e o escravo passa a ser, então, substituído por colonos no trabalho agrícola — o colonato marcou o processo de ruralização da economia romana, acompanhando o processo de decadência do Império, que foi, finalmente, dominado pelos bárbaros no século V.

Legado greco-romano

Tratar da história de Grécia e Roma é encontrar outras referências fundamentais da constituição do mundo ocidental. Os romanos, juntamente com os gregos, deram as bases de uma cultura antropocêntrica, racionalista e humanista, em que as instituições políticas, embora levassem em consideração as divindades, conferiram um papel importante ao homem como sujeito da história.