Idade Moderna

Idade Moderna

Mercantilismo e Grandes Navegações

As monarquias nacionais, que se consolidaram graças ao apoio da burguesia, iniciaram o desenvolvimento do mercantilismo, cujos principais traços eram:

  • A intervenção estatal na economia para controlar, principalmente, o comércio e a indústria;
  • O metalismo, que foi um dos grandes motivos do mercantilismo: “Um país será mais rico de acordo com a quantidade de ouro e prata que possuir”;
  • Manter uma balança comercial favorável por meio de exportação superior à importação;
  • Manter um alto protecionismo manufatureiro para que houvesse um melhor desenvolvimento da produção interna.

Os navegantes percorreram o Atlântico ocidental e as costas ocidental e oriental da África até chegar às Índias, em 1498. Enquanto isso, em 1492, Colombo chega à América, quando buscava as Índias pelo Ocidente. Portugal e Espanha, durante o século XVI, iniciaram a ocupação das terras americanas em busca das suas riquezas naturais, o que deu origem à desagregação das culturas nativas.

À medida que as grandes quantidades de ouro e prata chegavam à Europa, também ocorria a “revolução dos preços”, caracterizada por uma grande inflação.

Renascimento

Em razão do desenvolvimento comercial, do crescimento da burguesia, à ação dos humanistas e dos sábios bizantinos, iniciou-se, após o século XIV, uma renovada cultura na Europa Ocidental por meio da valorização dos clássicos.

Pode-se definir o Renascimento como um movimento sociocultural e político apropriado ao momento histórico pelo qual a Europa passava, pois ele valorizava o ser humano como centro de todas as coisas, questionando certos valores do Medievo.

Entre suas principais características, podemos ainda citar a grande produção literária, incentivada pela invenção da imprensa, o racionalismo e o antropocentrismo.

Na Itália, berço do Renascimento, a cultura era desenvolvida e desfrutada pela alta burguesia e pela nobreza urbana. Os maiores destaques na literatura foram: Boccaccio, Petrarca, Dante Alighieri, Maquiavel.

Na pintura, Giotto foi o precursor, com destaque para Da Vinci, Michelangelo, Tintoretto e Boticelli.

Da Itália, o Renascimento atingiu outras regiões da Europa, principalmente os Países Baixos, onde se destacaram as figuras dos irmãos Van Eyek, Brueghel, Bosh, Erasmo de Rotterdam etc.

Na Inglaterra, a cultura do Renascimento iniciou a sua explosão no século XVI, com dependência dos reis ingleses. Thomas Morus (humanista) escreveu a Utopia em que imaginava um país ideal, justo e igualitário.

No período elisabetano, Shakespeare escreveu algumas das maiores obras do teatro moderno.

O Renascimento floresceu na França graças também à ajuda do poder real, mas as guerras de religião interromperam-no bruscamente. No entanto, podemos destacar, na literatura, as obras de Rabelais e Montaigne.

As riquezas oriundas da América promoveram uma grande base material para o Renascimento espanhol, que foi altamente dificultado pela Contrarreforma. Os principais destaques espanhóis foram: Cervantes, Lope de Vega, Tirso de Molina etc.

Em Portugal, o Renascimento teve apoio da monarquia nacional e o grande impulso ocorreu na fase das Grandes Navegações. Os grandes destaques foram: Nuno Gonçalves (pintura), Gil Vicente (teatro) e Camões (literatura).

Na Alemanha, o Renascimento não se afirmou em razão da explosão, no século XVI, da Reforma Protestante.

Reformas Religiosas

Entre as grandes mudanças que se processaram na Europa ocidental no século XVI, a Reforma Religiosa foi uma das mais importantes.

Entre os fatores que causaram e precederam a Reforma do século XVI, podemos mencionar: o Cisma do Oriente (1054), as heresias sociais que surgiram na Baixa Idade Média, o Cisma do Ocidente, as heresias de J. Wyclif e Jan Huss, a venda de indulgências etc.

A situação sociopolítica da Alemanha contribuiu, decisivamente, para que ela fosse o primeiro país a sofrer os problemas do movimento reformista.

O ápice (pretexto) foi a corrupção do papado e do alto clero, visto que, em 1517, o papa Leão X autorizou a venda de indulgência na Alemanha, fato que foi o estopim para que Lutero publicasse as 95 teses, que constituem uma crítica à situação da Igreja na época.

Grande parte da Alemanha apoiou a publicação das 95 teses; entretanto, em razão disso, Lutero foi excomungado pelo Papa, exilando-se no castelo de Frederico da Saxônia.

Segundo Lutero, a Igreja deveria estar submetida ao Estado, a hierarquia deveria desaparecer e a salvação seria possível pela fé e não pelas boas obras.

Paralelamente à Reforma luterana, surgia, na Alemanha, o movimento Anabatista, de Nicolau Storck: movimento camponês que tinha como chefe militar Thomaz Münzer e que foi combatido pelos senhores com apoio de Lutero.

Os protestantes (Dieta de Spira, 1529), para se defenderem, organizaram a Liga de Smalkalden; pela Confissão de Augsburgo, redigida por Felipe Melanchton, declararam sua fé.

Na Suíça, o precursor foi Zwinglio, fundador da Igreja democrática na região de Zurique.

A Igreja Calvinista teve sua origem na cidade de Genebra por meio do francês João Calvino, líder radical que pregava a doutrina da predestinação. Sua pregação valorizava o trabalho, a vida sem vícios, a acumulação de riquezas, enfim, uma religião bastante ajustada aos ideais burgueses. Dos seus ideais religiosos, advieram muitas seitas religiosas na Europa e no mundo.

Na Inglaterra, a Reforma foi um meio de afirmação real. Henrique VIII rompeu com a Igreja de Roma, criando a religião anglicana, secularizando os bens da Igreja na Inglaterra. A mudança mais significativa na nova religião foi que o rei, não mais o papa, era o chefe da Igreja.

Após a morte de Henrique VIII, no reinado de Eduardo VI, o calvinismo teve grande expansão na Inglaterra. Com Maria Tudor ocorreu uma tentativa de restaurar o catolicismo, porém, no reinado de Elizabeth I, o anglicanismo firmou-se definitivamente.

A chamada Contrarreforma (Reforma Católica), que visava combater o protestantismo, a manutenção dos dogmas da Igreja, do celibato e a corrupção na Igreja, ocorreu no Concílio de Trento, e os instrumentos mais importantes foram:

  • A Companhia de Jesus;
  • A Inquisição;
  • A Congregação do Índex.

Absolutismo

O regime absolutista monárquico (origem divina do poder) resultou tanto de fatores internos, ou seja, do fortalecimento do poder real por meio da neutralização da burguesia e da nobreza, quanto de fatores intelectuais de correntes de pensamento, cujos principais teóricos foram Jacques Bossuet, na França, e Thomaz Hobbes, na Inglaterra, além de Maquiavel, Jean Bodin, Hugo Grotius etc.

Enquanto Luís XIV era menor, Mazzarino concluiu a obra de Richelieu (política dos grandes cardeais). No plano interno, dominou a burguesia e a nobreza vencendo a Fronda Parlamentar e a Fronda dos Príncipes. No plano externo, concluiu vitoriosamente a Guerra dos Trinta Anos, assinando a paz de Westfália (1648).

No governo, Luís XVI transformou-se na verdadeira expressão do Absolutismo de direito divino.

“O Estado sou eu”. Seu ministro Colbert foi o grande executor do mercantilismo francês.

A sua política exterior, voltada essencialmente para a guerra, enfraqueceu a França e provocou a crise do Absolutismo. Essa crise provocaria, em 1789, a Revolução Francesa.

Na Inglaterra, a centralização política iniciou-se com a Guerra das Duas Rosas (Lancaster contra os York) e com a ascensão ao poder dos Tudor. Mas o Absolutismo fixou-se com Henrique VIII e Elizabeth I. No entanto, a Inglaterra sempre se destacou pelas constantes lutas que tinham caráter religioso e político, envolvendo, constantemente, católicos e anglicanos de um lado e puritanos e presbiterianos do outro. Isso refletia também uma crise do Absolutismo na Inglaterra e manifestava-se também em lutas acirradas entre a realeza e o Parlamento.

O conflito entre a realeza e o Parlamento iniciou-se no reinado de Jaime I e acelerou-se no governo de Carlos I, terminando com a guerra entre Cavaleiros e Cabeças Redondas (puritanos). Essa guerra foi vencida pelos puritanos liderados por Oliver Cromwell, na batalha de Naseby. Carlos I foi executado e foi proclamada a República na Inglaterra. Durante a República puritana, Cromwell editou os Atos da Navegação, o que tornou a Inglaterra uma grande potência marítima. Cromwell dissolveu o Parlamento, criando uma ditadura pessoal com o apoio da nobreza e da burguesia. Após sua morte, a República foi suprimida e a Monarquia na Inglaterra foi restaurada.

O conflito entre a realeza e o

Parlamento foi reiniciado no governo de Carlos II e atingiu o ápice no de Jaime II, com a Revolução Gloriosa, de caráter liberal-burguês e substituiu a Monarquia absoluta pela Monarquia limitada, estabelecendo pela fórmula “o rei reina, mas não governa” a Monarquia Parlamentar.

Iluminismo

O desenvolvimento do capitalismo em países como a Inglaterra, França e Holanda foi acompanhado pelo crescimento burguês, originando uma cultura que sucedeu ao Renascimento, ou seja, o Iluminismo ou Ilustração. Esse pensamento teve como características principais:

  • Culto à razão, oriundo da obra de Descartes;
  • Crença no conhecimento por meio da experiência sensorial (empirismo);
  • Crítica ao Mercantilismo e ao Absolutismo de “origem divina”;
  • Preocupação com a busca das leis que regem a natureza;
  • Pregação da tolerância política e religiosa.

O Iluminismo correspondeu a um pensamento que fomentou revoluções e preparou o terreno para reformas nos países atrasados do continente europeu.

Inspirado nos ideais do Iluminismo, o Despotismo Esclarecido apareceu como forma de governo, em países atrasados na revolução do século XVIII. Primou por uma série de reformas a fim de modernizar a vida socioeconômica, política, cultural e militar dos citados países. Nesse trabalho, os déspotas foram apoiados pelos nobres e grandes burgueses, que se influenciavam pelas ideias do Iluminismo francês (afrancesados).

O Despotismo significou uma alteração nas teorias políticas em que se apoiava o poder real. A visão do rei como um representante de Deus na Terra foi substituída pela do monarca que exerce o seu poder em benefício do povo e que é o principal cidadão do país.

O Despotismo desenvolveu-se bastante em três países: Prússia, Rússia, Áustria e, ainda, relativo desenvolvimento em Portugal e Espanha. Todos possuíam sonhos de expansão territorial, juntamente com reformas modernizadoras internas.

A experiência do Despotismo não foi bem aceita nesses países, no final do século XVIII, quando a radicalização da Revolução Francesa amedrontou os nobres e os príncipes mais esclarecidos.

Independência dos Estados Unidos da América

A separação das Treze Colônias inglesas em relação à Inglaterra deu-se quando a Coroa inglesa, pressionada por um déficit financeiro que foi provocado pela Guerra dos Sete Anos, tentou eliminar a autonomia com que até então viviam as 13 Colônias americanas e, ao mesmo tempo, montar nas colônias um regime de Pacto Colonial.

Inspirados pela filosofia de John Locke e dos enciclopedistas franceses, os colonos ingleses da América iniciaram uma guerra emancipacionista, apoiados pela França, Holanda e Espanha.

Vencida, a Inglaterra aceitou a independência dos Estados Unidos pelo Tratado de Versalhes, em 3 de setembro de 1783. Independentes, os americanos formaram uma confederação até o ano de 1787, quando a Convenção de Filadélfia estabeleceu um governo central forte, cujo presidente foi George Washington, eleito por dois mandatos consecutivos, de 1789 a 1797.

A independência dos EUA impactou na Europa e na América Latina. Movimentos revolucionários passavam a ter no horizonte a movimentação norte-americana como inspiração para a realização de seus ideais de liberdade.


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