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Invasão da Rússia por Napoleão Bonaparte

A invasão da Rússia por Napoleão Bonaparte em 1812, também conhecida como Campanha da Rússia, foi um dos maiores empreendimentos militares de sua carreira e um ponto de inflexão crucial em sua trajetória. Motivado pela necessidade de consolidar seu domínio sobre a Europa e punir o czar Alexandre I por violar o Bloqueio Continental — um embargo comercial contra o Reino Unido — Napoleão reuniu o que foi então chamado de Grande Armée, um exército composto por cerca de 600.000 soldados de várias nacionalidades.

A campanha teve início em 24 de junho de 1812, quando Napoleão cruzou o rio Niemen, entrando em território russo. Inicialmente, as forças francesas avançaram rapidamente, encontrando pouca resistência. No entanto, ao invés de se envolver em batalhas decisivas, os russos adotaram uma estratégia de retirada contínua, queimando suas próprias vilas e campos à medida que recuavam. Essa tática de terra arrasada visava privar os franceses de recursos e prolongar a campanha até que o inverno russo chegasse.

Em 7 de setembro de 1812, ocorreu a Batalha de Borodino, a única grande batalha da campanha. Embora tenha sido tecnicamente uma vitória para Napoleão, com as forças russas recuando, a batalha foi extremamente sangrenta e não resultou na destruição do exército russo, como Napoleão esperava. Com cerca de 70.000 baixas combinadas, a Batalha de Borodino demonstrou o custo alto da campanha.

Napoleão finalmente entrou em Moscou em 14 de setembro de 1812, mas encontrou a cidade praticamente deserta e em chamas. Os russos haviam evacuado e incendiado Moscou, negando aos franceses qualquer possibilidade de usar a cidade como base de operações ou de suprimentos. Esperando que o czar Alexandre I capitulasse, Napoleão permaneceu em Moscou por mais de um mês, mas nenhuma oferta de rendição veio.

Com o início do rigoroso inverno russo e a escassez de suprimentos, Napoleão foi forçado a ordenar a retirada em 19 de outubro de 1812. A retirada foi um desastre. As forças francesas enfrentaram não apenas o frio intenso, mas também ataques constantes dos exércitos russos e guerrilhas. A falta de suprimentos, fome e doenças dizimaram o Grande Armée. Dos 600.000 soldados que iniciaram a campanha, apenas cerca de 100.000 conseguiram retornar à França.

A invasão da Rússia foi um fracasso estratégico monumental que enfraqueceu significativamente o poderio militar de Napoleão e abalou seu prestígio. As perdas catastróficas abriram caminho para a formação da Sexta Coligação, composta por várias potências europeias, que finalmente derrotaram Napoleão em 1814. A campanha russa revelou as limitações da estratégia militar de Napoleão e marcou o início do fim de seu império.