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O Golpe Militar de 1964

O golpe militar de 1964 no Brasil foi um evento crucial que levou ao estabelecimento de uma ditadura militar que durou até 1985. Este período é marcado por repressão política, censura, violação dos direitos humanos e mudanças profundas na estrutura social e econômica do país.

Contexto Histórico

Político

O golpe ocorreu em um período de intensa polarização política e social no Brasil. João Goulart, presidente deposto pelo golpe, promovia reformas de base que incluíam a reforma agrária, urbana, educacional e bancária. Essas reformas visavam redistribuir renda e ampliar os direitos dos trabalhadores, mas encontraram forte oposição de setores conservadores, incluindo latifundiários, empresários e militares, além do apoio internacional dos Estados Unidos, preocupados com a influência comunista na América Latina durante a Guerra Fria.

Econômico

O Brasil enfrentava uma crise econômica com alta inflação, déficit público crescente e instabilidade cambial. As tentativas de Goulart de conter a crise, incluindo medidas de controle de preços e salários, exacerbaram as tensões entre o governo e a elite econômica. O cenário econômico desfavorável contribuiu para a percepção de que o governo de Goulart era incapaz de gerir a economia do país.

Social

As tensões sociais eram altas, com mobilizações de trabalhadores e movimentos sociais pedindo mudanças estruturais. O medo do comunismo e o anticomunismo se intensificaram, exacerbados pelo contexto da Guerra Fria e pela Revolução Cubana em 1959, que servia como um exemplo próximo de um país latino-americano adotando o socialismo.

O Golpe

Eventos Imediatos

O golpe militar começou em 31 de março de 1964, com a mobilização das tropas lideradas pelo General Olímpio Mourão Filho, que marcharam de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro. O movimento rapidamente ganhou apoio entre os militares e a elite política. Em 1º de abril, João Goulart deixou o Brasil e buscou exílio no Uruguai, sem oferecer resistência significativa.

Apoio Interno e Externo

O golpe teve o apoio de importantes setores da sociedade brasileira, incluindo a grande mídia, setores empresariais, a Igreja Católica, e teve suporte logístico e político dos Estados Unidos, que temiam a expansão do comunismo na América Latina.

O Regime Militar

Primeiros Anos e Consolidação

Após o golpe, os militares estabeleceram um regime autoritário. O Ato Institucional Nº 1 (AI-1), promulgado em abril de 1964, conferiu amplos poderes ao presidente para cassar mandatos, suspender direitos políticos e promulgar leis sem o Congresso. Em 1968, com a promulgação do Ato Institucional Nº 5 (AI-5), o regime intensificou a repressão, suspendendo garantias constitucionais e dando início a um período de maior violência e censura.

Repressão e Resistência

O regime militar foi marcado pela repressão violenta contra opositores, incluindo tortura, desaparecimentos forçados e assassinatos de ativistas, estudantes, intelectuais e qualquer um suspeito de subversão. A resistência ao regime ocorreu de várias formas, desde a luta armada por grupos guerrilheiros até a resistência pacífica de movimentos sociais, religiosos e intelectuais.

Milagre Econômico

Nos anos 1970, o Brasil experimentou um período de rápido crescimento econômico conhecido como “milagre econômico”, caracterizado por elevados índices de crescimento do PIB, industrialização e modernização da infraestrutura. No entanto, este crescimento foi acompanhado pelo aumento da desigualdade social, concentração de renda e crescente endividamento externo.

Transição e Fim do Regime

Abertura Lenta e Gradual

A partir do final dos anos 1970, diante de uma crise econômica e da pressão interna e externa, o regime iniciou um processo de abertura política lenta e gradual. A anistia de presos políticos em 1979 e a retomada das eleições diretas para governadores em 1982 foram passos importantes nesse processo.

Diretas Já e Nova República

A campanha Diretas Já, iniciada em 1983, mobilizou milhões de brasileiros em favor de eleições diretas para presidente. Embora a Emenda Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas, não tenha sido aprovada em 1984, a pressão popular levou à eleição indireta de Tancredo Neves pelo Colégio Eleitoral em 1985, marcando o fim do regime militar e o início da Nova República.

Legado e Historiografia

A historiografia sobre o golpe militar de 1964 e o regime subsequente é ampla e variada, refletindo diferentes interpretações e ênfases. Nos primeiros anos após o golpe, a narrativa oficial justificava a intervenção militar como necessária para salvar o Brasil do comunismo. Com a redemocratização, novas perspectivas emergiram, destacando os abusos de direitos humanos, a repressão e a resistência ao regime.

Pesquisas mais recentes têm se concentrado em documentar e entender a complexidade do período, explorando a resistência civil, os impactos econômicos e sociais, e os legados duradouros da ditadura na política e na sociedade brasileira.

Conclusão

O golpe militar de 1964 e a ditadura que se seguiu representam um período de profunda transformação e trauma na história do Brasil. A repressão, a luta pela democracia e as mudanças econômicas e sociais desse período continuam a influenciar o país, sendo objeto de reflexão e debate contínuo.